segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Tristes Anos Novos na “terra dos nambiquaras”

Pedro Coimbra


ppadua@navinet.com.br






A noite de 31 de dezembro de 1988 estava escura e um chuvisco teimava em cair sobre as nossas cabeças.


Estávamos na casa de nossos amigos Aloísio Rodrigues, “o Peça” e sua mulher Solange, conversando e bebericando na comemoração do Ano Novo.


Ao longe o som dos primeiros rojões e a luz dos fogos artifícios.


Foi quando alguém trouxe a notícia de que pelo menos 51 pessoas haviam morrido no naufrágio do barco de turismo Bateau Mouche 4, ocorrido entre 23h45 e 23h55, nas proximidades do morro do Pão de Açúcar, na entrada da baía da Guanabara. Entre os mortos estavam a atriz Yara Amaral e Maria José Teixeira, mulher do ex-ministro do Planejamento Aníbal Teixeira, que conseguiu se salvar. O barco levava entre 137 e 197 passageiros, que assistiriam ao largo da praia de Copacabana, na zona sul do Rio, às comemorações pela passagem do ano.


Por mais que todos tentassem fingir uma nódoa de profunda tristeza caiu sobre os festejos do nosso réveillon.


Vinte e dois anos depois, em nossa casa, curtindo o braço quebrado e operado de minha mulher Eudóxia, acesso a internet e tomo conhecimento de que a cidade de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, estava a mercê de grandes deslizamentos de terra, com 52 mortes. Do total, 31 corpos foram encontrados na praia do Bananal, na Ilha Grande, e outros 21 no morro da Carioca, no centro.


Logo a seguir a mídia informa que a prefeitura de São Luiz do Paraitinga, a 182 quilômetros de São Paulo, havia decretado estado de calamidade pública depois de mais de 2 mil pessoas da cidade ficarem desabrigadas, diante de uma grande inundação.do rio Paraitinga que subiu dez metros. O comércio e cerca de 500 casas do centro histórico foram atingidas pela água.


Pelas cabeças de todas nós a pergunta constante é por quê estas tragédias ocorrem logo no Ano Novo, época que acumulam tantas esperanças de todos nós.


Lembramos aqui um pensamento, quase uma certeza, do filosofo e matemático Blaise Pascal, morto aos 39 anos de idade, que criou a base da Teoria das Probabilidades: “A única verdadeira grandeza do homem reside na consciência de seus limites e de suas fraquezas".


É certo que o mundo enfrenta problemas climáticos, fruto em grande parte do aquecimento global, mas meu pai já me dizia que o clima no planeta Terra era sempre instável e ciclíco.


Ou ainda, que em tempo de chuva, todo sinal é de chuva...


Procurando culpados por esses acontecimentos na “terra dos nambiquaras” reforçamos o nosso conhecimento de que a grande maioia da classe política é despreparada e corrupta, a administração pública pesada, onerosa e ineficiente, e que temos como regra geral correr riscos, menosprezando a força da Natureza quando desenvolvemos nossos povoamentos a beira de mares e rios. E que somos, em geral, omissos com relação a esses problemas, com os “nambiquaras” falando uma língua absolutamente estranhas para nós.


Fora desses argumentos lógicos só nos resta o consolo de apelar para os conhecimentos espirituais de que tais tragédias são necessárias ao aprimoramento dos espíritos.


Principalmente dos “nambiquaras-mór”...

domingo, 3 de janeiro de 2010

Uma bela pérola

Pedro Coimbra
ppadua@navinet.com.br


Mais um ano que passou, o que conforme o meu Aurélio, “é um produto da ciência da utilização de regras baseadas na astronomia e em convenções próprias para estabelecer as divisões do tempo e a fixação das datas”.

É hora da mídia editar longas listas do que foi mais importante neste ano da Graça de 2009.

Sempre achei tal procedimento ridículo, pois é impossível determinar o que foi mais importante da história da Humanidade, desde o domínio do fogo, passando pela invenção da roda, a fissão nuclear ou a arrasadora minissaia de Mary Quant...

De qualquer forma escolho como o fato mais importante a eleição de um presidente negro, Barack Obama, nos Estados Unidos.

E a preocupação que desenvolve-se cada vez mais entre as pessoas com relação ao meio ambiente.

Guerras, escaramuças, cataclimas diversos ocorrem, com maior ou menor magnitude, todos os anos desde muitas eras passadas.

A fome, principalmente no continente africano continua a ser vergonhosa.

De todas as notícias que surgiram com muito potencial, com previsões catastróficas, o vexame da tal da Gripe Suína que acabou morrendo na praia, pelo menos nos rincões verde-amarelos...

Ah! Corrupção! Mudou do flagrante do dinheiro roubado na cueca para a meia...

Mas continua grassando na administração pública brasileira.

Fato notável a projeção e popularidade popular do presidente Lula que atravessa as piores tempestades políticas e caiu nos braços da mídia européia.

No site corporativo da 6ª Região da Polícia Militar tomo conhecimento que no Natal e Ano Novo ocorrem casos de muita depressão entre as pessoas frustradas com a falência dos planos estabelecidos. E acabam tomando medidas autodestrutivas...

Só existe uma proposta viável para os que se perdem nessas quimeras.

Esquecer o que passou e transferir o que deu errado ou não pode ser realizado para o ano que vem chegandp.

Mas, de tudo que aconteceu e continuará crescendo o que mais me espanta é o crescimento do tal gerundismo na linguagem coloquial e formal.

A moda do "gerundismo" (essa de "O senhor tem que estar pegando uma senha", "Vamos ter que estar trocando a embreagem do seu carro", "Ela vai precisar estar voltando aqui amanhã", "A empresa vai poder estar fornecendo as peças") atingiram desde a mocinha que me atende na padaria até políticos que pretendem ser os Salvadores da Pátria.

Como solução para minha birra com essa forma de falar meu propósito para o próximo ano é criar um bela pérola, um bordão a ser usado em todos os instantes.

Eu, que em 2010 me proponho a abandonar o cigarro pela segunda vez vou estar tendo um vício de linguagem…

Feliz Ano Novo para todos os meus leitores…