Pedro Coimbra
Houve um tempo, que já vai longe, em que não se dava nomes aos logradouros, ruas, avenidas e praças, de pessoas que haviam partido deste mundo para um melhor, mas de flores e outros fatos corriqueiros na vila de 901 casas.
´ E assim que o educador Firmino Costa, na sua “História de Lavras” lista as ruas existentes no começo do século: do Cruzeiro, da Pedreira, Alta, Soledade, Umbela, Novo Século, Passa Vinte, Nova, Direita, Santo Antônio, da Esperança, Bela Vista, do Calvário, Dona Inácia, das Mercês, do Fogo, do Instituto , do Córrego, das Flores, Caetano Machado e Veneza. Mais as travessas da Misericórdia, de Santo Antônio, do Rosário, Dr. Costa Pinto, Municipal, de Sant´Ana e das Mercês.
O mesmo historia diz que a rua do Fogo era assim denominada pois ali viviam famílias de brigões.
Sou apaixonado por essa rua do Fogo desde que retornamos para Lavras e fui morar na rua Sant´Ana. Naquela época, no final da rua, que já foi apelidada de “Vieira Souto de Lavras” não havia a ligação com a rua Firmino Sales e moravam famílias abastadas.
Com o tempo comprei e reformei um casa no começo da rua hoje denominada de Bernardino Macieira, um paisagista que era pai da minha tia Maria Emília e que dentre outras criou o perfil da atual Praça Dr. Augusto Silva.
Um enfermeiro de um laboratório que colhe material para exame a domicílio me advertiu que a denominação agora ia mudar pelo grande número de viúvas que aqui existiam.
Isso não me assusta. Preocupa si a possibilidade de um vereador tresloucado mudar o novamente o nome.
Seria com certeza mais um problema para os carteiros e entregadores.
O que me assusta agora é o silêncio tenebroso na rua, onde raramente se vê crianças brincando pela rua.
Aliás o silêncio não é total pois um prefeito “sabichão” desviou para cá o trânsito dos ônibus intermunicipais.
De qualquer maneira gosto de me sentir meio dono da rua do Fogo, como deve ter acontecido com meu tio Maurício Ornelas, o “seu” Alcides da Metrópole, o Martinho Sena, o Serginho, o “seu” Leônidas, o Gibinha, o João Oscar, o Ernani Alves e outros mais.
Ouço um som de piano ao entardecer. Tenho certeza que não é um CD, não se trata de música eletrônica, é música ao vivo.
Ouço um som de piano ao entardecer. Tenho certeza que não é um CD, não se trata de música eletrônica, é música ao vivo.
Quando era adolescente o Instituto Gammon mantinha no térreo do Martha Roberts uma espécie de Conservatório Musical e uma das professoras era a Dona Cecília Veiga. Ali vi estudando a Georgette Mansur e levavam anos para se formar.
Mas, quem dedilha o teclado de um piano maravilhoso na rua do Fogo?
O piano é um instrumento derivado dos antigos cravos, e quando bem tocado chega a ter uma sonoridade angelical.
Sei da dificuldade para tirar os sons daqueles martelos que batem sobre cordas porque era incapaz de fazer qualquer melodia numa flautinha com talo de mamona como fazia o Luciano Carvalho.
Sei da dificuldade para tirar os sons daqueles martelos que batem sobre cordas porque era incapaz de fazer qualquer melodia numa flautinha com talo de mamona como fazia o Luciano Carvalho.
Hoje em dia aquele que pretender aprender a tocar o instrumento terá bastantes dificuldades, a começar pelo preço exorbitante do instrumento.
Tanto procurei que encontrei esta musicista às escondidas.
É a Luciana, professora no Gammon, filha do Mauro Ferreira, parente da minha mulher e meu vizinho.
Não precisava mesmo nem ser uma virtuose ao piano, com sua beleza e seus lindos olhos claros.
Sou incapaz de identificar os autores das músicas que executa, mas qualquer dia tomo coragem e peço que interprete “Ticket to Ride”, dos Beatles.
Até lá a Luciana pode encher de melodia a rua do Fogo com o que o seu sentimento musical mandar….
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