Pedro Coimbra
O francês
GamalielChantal nem bem pisou as terras brasileiras tomou duas atitudes:
descobrir como encontrar uma expedição que o levasse para o Campo dos Goitacás
e marcar com a lâmina o rosto do sujeito que o chamou de “Pintarroxo”.
A segunda
mostrou-se totalmente ineficaz, pois nunca mais se livrou do apelido que
detestava motivado por uma enorme mancha sanguínea no lado direito da face.
Tantas fez
que acabou, depois de muitas andanças,no Planalto de São Paulo onde se engajou
na bandeira de Fernão Dias Paes Leme.
Começou
então a mostrar suas qualidades de fidalgo sempre ao lado dos poderosos,
principalmente os religiosos que acompanhavam a
expedição.
Ficou
conhecido como comprador do ouro e dos diamantes que aos poucos eram
encontrados.
Enquanto os
portugueses e os “brasileiros” aniquilavam os selvagens que encontravam, fez
amizade com eles, o que lhe garantia facilidade de mantimentos em suas
aventuras.
Foi quando
construiu, com toda sua inventividade, sua primeira igreja, na verdade uma
capela, num ermodo Caminho Velho.
Passou então
a ser procurado e transformou-se num grande edificador de templos, cuja fama ia
além da Província.
Mas,
continuava com seus negócios mais ou menos escusos, com aqueles homens que
escavavam o chão a procura da fortuna.
Tudo que
amealhava colocava numa grande caixa de madeira de lei que todos denominavam
como a “Arca” e que ele levava nas suas andanças, sempre debaixo do seu olhar
de coruja, que tudo percebe.
Um belo dia
foi chamado para os Campos do Senhor, apesar de em vida ser um grande herege.
Não se soube
mais de sua “Arca” repleta de riquezas.
Começou
então a lenda do tesouro de Pintarroxo, desaparecido em terras tão estranhas e
pelo qual muitos homens e mulheres entregaram sua vida.
Anos depois,
em Guapé, cidadezinha de Minas Gerais, José Militão, um auxiliar de topógrafo
veio a conhecer a história e apaixonou-se por ela e enfou na cabeça encontrar a
herança do francês GamalielChantal.
Por esse
sonho abandonou posses e a família, tudo o que muitas vezes parecia impossível
e de outras muito real.
Tantas fez o
mineiro rude e xucro que acabou encontrando aIgreja de São José dos Pobres,
última obra do galego.
O lugar já
havia sido escavado e esquadrinhado por todos os cantos por diversos
aventureiros.
Foi então
que Militãoideiou que o tesouro talvez não estivesse guardado numa arca de
madeira, uma grande caixa, mas num pequeno relicário, mais fácil de ser
escondido.
Numa tarde
de uma sexta-feira descobriu o que procurava assentado em dos pilares da
igreja. Ávido por riquezas abriu-o e só encontrou folhas manuscritas.
Nelas o “Pintarroxo” dizia ter
devolvido para as profundezas o ouro e as pedras preciosas, guardando apenas um
tesouro mais que maravilhoso, o seu amor a Deus.
José
Militão, o Zé Doido, como hoje é conhecido, maltrapilho e macerado, pregando as
riquezas do Reino pode ser encontradoperdido pelas cidades e arraias de Minas Gerais...
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