segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Um tesouro mais que maravilhoso



Pedro Coimbra

            O francês GamalielChantal nem bem pisou as terras brasileiras tomou duas atitudes: descobrir como encontrar uma expedição que o levasse para o Campo dos Goitacás e marcar com a lâmina o rosto do sujeito que o chamou de “Pintarroxo”.
            A segunda mostrou-se totalmente ineficaz, pois nunca mais se livrou do apelido que detestava motivado por uma enorme mancha sanguínea no lado direito da face.
            Tantas fez que acabou, depois de muitas andanças,no Planalto de São Paulo onde se engajou na bandeira de Fernão Dias Paes Leme.
            Começou então a mostrar suas qualidades de fidalgo sempre ao lado dos poderosos, principalmente os religiosos que acompanhavam a expedição.
            Ficou conhecido como comprador do ouro e dos diamantes que aos poucos eram encontrados.
            Enquanto os portugueses e os “brasileiros” aniquilavam os selvagens que encontravam, fez amizade com eles, o que lhe garantia facilidade de mantimentos em suas aventuras.
            Foi quando construiu, com toda sua inventividade, sua primeira igreja, na verdade uma capela, num ermodo Caminho Velho.
            Passou então a ser procurado e transformou-se num grande edificador de templos, cuja fama ia além da Província.
            Mas, continuava com seus negócios mais ou menos escusos, com aqueles homens que escavavam o chão a procura da fortuna.
            Tudo que amealhava colocava numa grande caixa de madeira de lei que todos denominavam como a “Arca” e que ele levava nas suas andanças, sempre debaixo do seu olhar de coruja, que tudo percebe.
            Um belo dia foi chamado para os Campos do Senhor, apesar de em vida ser um grande herege.
            Não se soube mais de sua “Arca” repleta de riquezas.
            Começou então a lenda do tesouro de Pintarroxo, desaparecido em terras tão estranhas e pelo qual muitos homens e mulheres entregaram sua vida.
            Anos depois, em Guapé, cidadezinha de Minas Gerais, José Militão, um auxiliar de topógrafo veio a conhecer a história e apaixonou-se por ela e enfou na cabeça encontrar a herança do francês GamalielChantal.
            Por esse sonho abandonou posses e a família, tudo o que muitas vezes parecia impossível e de outras muito real.
            Tantas fez o mineiro rude e xucro que acabou encontrando aIgreja de São José dos Pobres, última obra do galego.
            O lugar já havia sido escavado e esquadrinhado por todos os cantos por diversos aventureiros.
            Foi então que Militãoideiou que o tesouro talvez não estivesse guardado numa arca de madeira, uma grande caixa, mas num pequeno relicário, mais fácil de ser escondido.
            Numa tarde de uma sexta-feira descobriu o que procurava assentado em dos pilares da igreja. Ávido por riquezas abriu-o e só encontrou folhas manuscritas.
Nelas o “Pintarroxo” dizia ter devolvido para as profundezas o ouro e as pedras preciosas, guardando apenas um tesouro mais que maravilhoso, o seu amor a Deus.
            José Militão, o Zé Doido, como hoje é conhecido, maltrapilho e macerado, pregando as riquezas do Reino pode ser encontradoperdido pelas cidades e arraias de  Minas Gerais...

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