sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Sentiremos saudades, amor!


Pedro Coimbra


            Chris empilhou os livros que estudava e debruçou sobre um exemplar encadernado e com uma lombada vermelha de “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, que seu pai lhe dera de presente.
O escritor, com seu corpo franzino, mirrado mesmo, pois segundo seus contemporâneos parecia um nordestino, um “cabeça chata”, mas na verdade era fluminense, nascido em Cantagalo, em 1866, onde enfrentou o primeiro ato de sua tragédia pessoal, com a morte de sua mãe aos três anos, o que fez que passasse a ter uma vida cigana, morando em diferentes cidades e fazendas do interior do Rio de Janeiro.
Bem jovem, ingressou na Escola Militar, onde recebeu formação positivista, uma doutrina de Augusto Conte que levava seus aficionados a se dedicarem a oposição à monarquia.
              Temperamento impulsivo passaria célere pela Escola Militar, pois num gesto de indisciplina e de crítica à monarquia, durante uma comemoração militar, atirou no chão a arma que deveria apresentar à passagem do ministro da Guerra.
E, não bastasse isso, arengou contra a passividade dos colegas. Preso e expulso da escola, seu gesto de rebeldia foi adotado pelos republicanos, como um símbolo de idealismo e coragem.
Transfere-se para São Paulo, escrevendo no jornal “A Província de São Paulo”. zCo o advento da República, retorna à carreira militar, no curso de artilharia na Escola Superior de Guerra e, os de estado-maior e engenharia militar, formando-se em matemática e ciências físicas e naturais. É então promovido a primeiro-tenente.
               Atua também na imprensa, examinando em seus artigos a problemática brasileira, ao mesmo tempo que apoia Floriano Peixoto, que acabou por derrubar o Marechal Deodoro da Fonseca. Mas, Euclides da Cunha recusa, prêmios ou oferta de cargos, por seus posicionamentos, aceitando apenas o previsto em lei.
            Abandona a caserna em 1895, tornando-se engenheiro civil.
Passa a ter então duas atividades principais, como superintendente  de obras do Estado e articulista de o  para o “O Estado de S. Paulo”.
Em 1897, é convidado a viajar até a Bahia, como correspondente do jornal, para cobrir a “Guerra de Canudos”, relatando a peleja entre republicanos e pretensos mnarquistas, na verdade fanáticos religiosos.
Baseado no material coletado escreveu, entre 1898 e 1901, sua obra monumental, “Os Sertões”. Essa obra, considerada uma das precursoras do modernismo o catapultou para a Academia Brasileira de Letras e para o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Homem de temperamento inquieto foi nomeado chefe da Comissão de Reconhecimento do Alto Purus, viajando milhares de quilômetros pela Amazônia
Em maio de 1909, Euclides da Cunha presta concurso para ser professor de Lógica no Colégio Pedro II um dos mais famosos do Brasil,  exercendo por pouco tempo suas funções, pois, a 15 de agosto de 1909, é morto por Dilermando de Assis,  exímio atirador e amante de Anna de Assis, sua esposa, o que põe um ponto final em sua tragédia pessoal.
Escreveu mais três livros: “Contrastes e confrontos”, em 1907; “Peru versus Bolívia”, também de 1907, e “À margem da história”, obra póstuma, de 1909, o livro de Euclides da Cunha que tratando de problemas da Amazônia e o único a se aproximar em importância de “Os Sertões”.
Com “Os Sertões”, uma obra muito reconhecida e pouco lida, Euclides da Cunha, Anna de Assis e Dilermando de Assis teriam revivido seu drama de amor e ódio, seu entrelace espiritual, por uma minissérie produzida em 1990 pela Rede Globo e escrito por Glória Perez.  Desejo” trazia para um imenso público a história de Anna de Assis e o triângulo amoroso formado por seu marido, Euclides da Cunha, e o jovem Dilermando de Assis.
Um painel fantástico do povo brasileiro e a terra onde vivemos que é o conteúdo de “Os Sertões” merecia ter sido filmado por outro gênio que foi Glauber Rocha e a história pessoal de Euclides da Cunha deveria ter um tratamento menos apressado como o da televisão, afinal, personagens, tão arraigados ao Mundo Material, dos ditames da sexualidade, mesmo nos piores momentos de suas vivências cósmicas, dizem: sentiremos saudades, amor!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Dias depois...




Pedro Coimbra


            O genial Albert Einstein dizia que o tempo é pura ilusão. A distinção entre passado, presente e futuro não passa de uma firme e persistente ilusão. Viver o presente, remédio certeiro de Padre Sérgio para a depressão. Algum tempo após o início do Ano Novo esta definição do homem que reinventou a Física me vem a cabeça. Ou seja, esta história da duração dos anos em tantos dias e o início de outros é apenas uma grande balela inventada pelos humanos. Como o artifício que os roteiristas de cinema e tevê utilizam para marcar a passagem do tempo: dias depois. No fundo servem de argumentos para as inúmeras promessas que fazemos e não cumprimos.
      Com esta chuvinha maneira bom seria ler as 2444 páginas que compõem os três volumes que englobam os sete romances de "Em busca do tempo perdido", do escritor francês Marcel Proust, que tem como tema principal a memória e o tempo. Decido, porém, me dedicar a outros dois calhamaços: “O Mago”, de Fernando Morais e “Steve Jobs”, de Walter Isaacson. Duas biografias: a primeira de Paulo Colho, escritor brasileiro que vendeu milhões de exemplares de seus livros e a segunda do gênio da informática, morto, dizem, por pura burrice.
Confesso que não via a produção de Paulo Coelho com bons olhos, mas a idade nos faz repensar diversos temas delicados. Nesta biografia anseio pela descrição de seu relacionamento com Raul Seixas. Deste gênio da música tupiniquim contei para um fã absoluto, que é o Ricado Silva, sobre um show do artista no Parque Lage, no Rio de Janeiro. Convidaram a banda do meu irmão afetivo Francisco Junior para realizar o “esquenta”. Tocaram todo o seu repertório, o possível e o impossível e Raul Seixas não apareceu para sua apresentação. Finalmente, o público perdeu a parciência e quebrou tudo.
Dois outros livros que pretendo ler em 2012 são, “O  X da questão”, de Eike Batista, que me atrai pela maneira como enfrenta a vida profissional e pessoal e “Crônicas de Um Sonho Interrompido”, do meu amigo Paulo Rodarte, que depois de muitas tentativas encontrou finalmente uma editora.
Nas memórias do tempo passado, computo as perdas muito sentidas do meu cunhado Nélson Carvalho, companheiro de vários réveillons, que se foi de mansinho como era seu jeito e a da Tia Ione, que gozava de nossa afeição e que partiu aos 92 anos de idade.
Felizmente, em família, com ajuda de Deus, vencemos muitas enfermidades graves.
Viajando passamos o ano muito preocupados com o octogenário Tio Batista, em sérias dificuldades de saúde. Logo ele que foi um lutador, de operário da ferrovia a ourives.
O Réveillon de 2012 nos encontrou em São Paulo, uma grande metrópole que me assusta até hoje. Sempre me recordo do choque cultural que deve ter sido a mudança do interior de Minas Gerais para cá, dos meus tios Célio, Teda, Tonho, Norma e João, nas décadas de 50 e 60.
Comemoramos o Ano Novo mais precisamente no Hotel Macksoud Plaza, numa grande ceia e muita música. Foi ali, a poucos passos de Henry, dono do hotel, ex-dono da revista Visão, da Hidroservice e de vários outros empreendimentos que senti a materialidade do tempo que passou, capaz de atingir tanto coisas, como pessoas.
Sem contar o prazer de assistir junto com o Rodrigo, Mere e Julia, ao final da São Silvestre, com os quenianos e o etíope Tariku Bekele vencedor passando  a poucos  metros de nós e Marilson em oitavo lugar. Tudo debaixo de um temporal de verão...
No rol das boas notícias do ano que finda e do que nasce, a vinda de Francisco, filho do meu cunhado Reginaldo e de Ana Paula.
Outra notícia alvissareira é que o portal Lavras 24 Horas está consolidado como órgão de informação com mais de um milhão de acessos, fruto da parceria com Flávio Mazzochi, Francisco Buscarolli, Adriano Camilo, Marco Aurélio Bissoli e Ricardo Silva. Além dos colunistas, os parceiros institucionais e os anunciantes.
Espero que se realize em 2012, a divulgação do livro “Ás margens do rio Grande”, um relatório sobre o patrimônio histórico e natural do Aproveitamento do Funil que foi coordenado por mim.
E entremeio das eleições municipais que prometem muita confusão, como sempre, escreverei tranqüilo meu romance “Meus amores, Mariana e Bruna” ou “Dançando no escuro”..., que são títulos provisórios.