Pedro Coimbra
Once upon a sunny morning a man who sat in a breakfast nook looked up
from his scrambled eggs to see a white unicorn with a golden horn quietly
cropping the roses in the garden. The man went up to the bedroom where his wife
was still asleep and woke her. "There's a unicorn in the garden," he
said. "Eating roses." She opened one unfriendly eye and looked at him.
Era uma vez,
numa manhã de sol, um homem que estava sentado à mesa tomando seu café da
manhã. Num momento, ele olhou dos seus ovos mexidos para fora da casa e viu um
unicórnio branco com um chifre de ouro calmamente comendo as rosas do jardim. O
homem subiu para o quarto onde sua esposa ainda estava dormindo e a acordou.
"Tem um unicórnio no jardim," ele disse. "Comendo rosas."
Ela abriu um olho, não muito amigável, e olhou para ele.
O autor deste
texto é James Thurber, que um dia, ao jogar "William Tell" com os
irmãos perdeu a visão em um olho, quando uma flecha perfurou-o. Em última
análise, ele viveria cego dos dois olhos, mas isso nunca o impediu de escrever
ou desenhar. Criador de numerosos New Yorker caricaturas/ capa de
revista, tornou-se um dos maiores
humoristas americanos do século 20, dono de inimitável prosa e amplitude de
gêneros, incluindo contos, comentários moderna, ficção, fantasia infantil e
letras.
Mas, por que
diabos escrevo hoje sobre James Thurber?
A principal razão é que no meu primeiro livro escolar de Inglês, havia
um texto sobre um unicórnio no jardim, talvez uma adaptação do original.
Minha professora
era uma senhora de cabelos brancos, Dona Nair Paranaguá, casada com o também
professor Tancredo Paranaguá, da Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL) e moravam perto do Hospital
Vaz Monteiro, numa rua tranquila onde hoje alojam-se várias clínicas e
consultórios médicos.
Foi ela quem primeiro
percebeu minha dificuldade de ler o que ela escrevia no quadro negro e me disse
que pedisse ao meu pai para me encaminhar ao oftalmologista.
Fiz o exame com
o Dr. Geraldo Vilela, hoje octogenário, que detectou minha acentuada miopia e
recomendou óculos de lentes esverdeadas.
Não me esqueço
do dia que fui buscá-los na tradicional Joalheria Mesquita, na Rua Raul Soares
e os coloquei pela primeira. Aquela “cangalha”, como diziam meus colegas,
atrapalhava a prática de esportes, mas mudou minha vida que ficou nítida e
clara.
Continuei com
eles de diversas formas e tamanhos, t entei lentes de contatos e corri de
operações corretivas até que tive que fazer uma em razão de um deslocamento de
retina no olho direito.
Isso foi a mais
de setes anos e agora o olho voltou a me incomodar, sinto que não estou
enxergando nada na vista operada.
Espero que meu
amigo de adolescência, Dr. Oto Metzger, grande médico das doenças dos olhos se
recupere de um problema médico que o atingiu e possa me examinar. E
conversarmos assuntos diversos no seu consultório, como sempre fizemos...
Tenho
medo da cegueira, mesmo lembrando-me do Tio Zequinha, parente do meu pai, que
já completamente sem visão saía da Avenida Vaz Monteiro e vinha até nossa casa
no centro da cidade ou a casa da minha avó Maria do Rosário...
Na
verdade o que me apavora são episódios como o da cegueira temporária de Saulo
de Tarso, o “vaso escolhido” por Jesus para a divulgação do Cristianismo.
Ou
em “Un chien andalou” um filme surrealista dirigido/escrito por Luis
Buñuel e Salvador Dalí. A primeira cena mostra uma mulher que tem seu olho
cortado por uma navalha por um homem.
Quem sabe nossa
incapacidade de enxergar o tal unicórnio e outros seres fantásticos esteja
ligada a luta em aceitarmos as coisas mais espirituais, acostumados que estamos
a realidade que nos diz que pau é pau e pedra é pedra...
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