quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
terça-feira, 20 de novembro de 2012
Peripécias e o final de Juvêncio Flores
Peripécias e o final de Juvêncio Flores
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
O unicórnio no jardim
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
Um passo de mágica
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Casos políticos daqui e alhures
Pedro Coimbra
ppadua@navinet.com.br
Terminadas as eleições municipais de 2012, enquanto muitos se debruçam a teorizar como melhorar nosso sistema de representatividade democrática, decepcionados com a aparente renovação das Câmaras de Vereadores, o cronista se debruça em lembranças do folclore político.
Do notável político que foi Israel Pinheiro, forçado a se candidatar ao governo de Minas Gerais, em substituição a Sebastião Paes de Almeida, o Tião Medonho, vetado pela Justiça Eleitoral. Israel Pinheiro, a quem JK delegou a construção de Brasília, foi um dos personagens mais caluniados e difamados do seu tempo. Em 1968, na inauguração de uma estrada próxima a Bocaiúva, o fotografei tentando visualizar os sapatos, o que a proeminente barriga já impedia. Morreu pobre para desilusão de seus desafetos políticos.
Neste mesmo evento a figura do Coronel Mário Andreazza, cabelos grisalhos,bronzeado, trajando uma legitima camisa Lacoste e fumando cigarros americanos, já proibidos na época. Nadou e morreu na praia, nunca alcançando seu sonho de ser presidente da República.
Bocaiúva era a cidade natal de José Maria Alkmin, raposa da política mineira e brasileira, cuja esperteza foi eternizada pelo jornalista Sebastião Nery, que se especializou no tema do folclore político.
Dele se contava que ao chegar a uma cidade abraçou um eleitor e perguntou pelo senhor seu pai.
Assustado o rapaz respondeu-lhe que seu pai havia falecido há muito tempo.
- Faleceu para você, filho ingrato. Pois permanece para sempre na minha memória respondeu o esperto José Maria Akmin, para o filho estupefato.
Da mesma época o causo que envolve Negrão de Lima, eleito governador da Guanabara na mesma época que Israel Pinheiro.
Cumpriu seu mandato até os últimos dias, protegido pelo Marechal Castelo Branco, pois teria sido o avalista do seu namoro com Dona Argentina, sua esposa, em Belo Horizonte.
Desta época também a lembrança do jornalista e escritor Sérgio Danilo, que teve um piriqipaqui na Assembléia Legislativa, e foi salvo pelo socorro emergencial do médico e deputado Sylvio Menicucci. Logo depois, o Dr. Sylvio Menicucci fez um pronunciamento contra a cassação de JK e acabou perdendo seu mandato político.
Das lembranças locais, o caso da candidatura do tintureiro e líder dos negros lavrenses, José Anselmo, o "Zé da Lina".
Candidato à vereador de Lavras, no dia da apuração passou defronte ao Forum velho, na Rua Benedito Valadares e um amigo, de uma das janelas do casarão fez-lhe um sinal com o dedo indicador.
- Mil votos? perguntou "Zé da Lina", exultante.
- Não...Um voto o outro respondeu-lhe, para sua decepção.
Quase todas as cidades do Brasil contam a história do cidadão que se candidata a vereador, e acaba por ter somente o seu voto, com a ausência do da esposa. Dizem que em Lavras tal deslize acabou em pancadaria.
Dois casos muito lembrados são do vereador que disse, durante uma sessão da Câmara Municipal, que teria deixado alguns papéis importantes em sua Nobre geladeira, e o outro de uma equipe de advogados designados para acompanhar as eleições. Chamados por telefone para comparecer no Paulo Menicucci dirigiram-se ao local onde havia vários pessoas sentadas.
Um dele perguntou:
- Nenhuma normalidade por aqui?
- Tudo tranquilo respondeu o enfermeiro.
Na verdade estavam no local errado. Ali era a Casa de Saúde Paulo Menicucci e a confusão era na Escola Paulo Menicucci...
E para finalizar, a história de Sineval Godinho, candidato a vereador e cujo nome apareceu em primeiro lugar em uma pesquisa.
No frigir dos ovos, Sineval que hoje faz campanha no céu, foi o último colocado...
Seguindo no trem azul
Estava deitado no sofá, enfrentando a onda de calor repentino, dormitando e ouvindo uma seleção de sucessos do Roupa Nova, banda que surgiu em 1980, e mantém até hoje sua formação original, composta por Paulinho, Serginho Herval, Nando, Kiko e Cleberson Horsth.
Eles entoavam "Seguindo no trem azul":
"Confessar
Sem medo de mentir
Que em você
Encontrei inspiração
Para escrever..."
Olhos entreabertos viram um vulto na poltrona a minha frente, sem camisa, bigode e cabelos grandes, já grisalhos e uma latinha de Bhama na mão.
- Ô, cara! Acende meu cigarro.
Era sem dúvida nenhuma, o espírito do meu amigo, Du Venerando, atraído pelo festival de músicas do conjunto que mais vezes promovera em Lavras, num vídeo perfeito, em que pareciam sair da tevê LED para o ambiente da sala.
E começou a falar de arranquinho, como era seu hábito, contando-se as aventuras que enfrentara para trazer grandes shows no recém-inaugurado Ginásio Poliesportivo do LTC.
- Eu trouxe o RPM ele disse e que era a maior banda do rock brasileiro.
Pensei em lhe dizer que na atualidade o que estava fazendo sucesso era o talsertanejo universitário, com muitas duplas que faziam sucesso e levavam três vezes mais pessoas aos shows atuais do que os antigos sucessos de antigamente.
- Você se lembra como transformava a FM Rio Grande, em "Rádio Roupa Nova" ou "Rádio RPM" na semana que antecipava o evento? me perguntou.
Um carro de campanha política passou com o som altíssimo o que fez que sorrisse e sua imagem se desvanecesse, ficando apenas sua última imagem e sua voz:
- Vou bater uma bolinha e com a raquete de tênis sumiu definitivamente.
De tanto conversar com ele sabia que detestava a política partidária, num tempo que lhe cabia carregar um equipamento de som mastodôntico para todos os lugares onde haveria comício e não adiantava tentar discutir nada com o pai.
- Traíram o "velho" ele dizia justificando para mim a derrota do pai, Leonardo Venerando, considerado sempre como candidato invencível.
Du Venerando cumpriu também, por alguns anos, a missão de erguer um palanquinho de madeira, na Padaria Rocha, seu "point" preferido, contratar os músicos do Demá e um veículo qualquer que servisse de transporte para os foliões que chegavam de fora para desfilarem na Banda do Funil.
Finalmente, o que era uma brincadeira familiar cresceu tanto que acabou tendo a necessidade de se institucionalizar, o que foi o seu fim.
Daqueles tempos ficaram apenas as lembranças trazidas por uma criatura vinda do mundo dos sonhos e que solfejava:
"Confessar
Sem medo de mentir
Que em você
Encontrei inspiração
Para escrever..."
domingo, 28 de outubro de 2012
A loura que me persegue
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Biografias não-autorizadas
Pedro Coimbra
Terminando a primeira parte do meu romance "Meus amores, Mariana e Bruna" enfrento o problema de criar uma biografia não-autorizada de um personagem chave da história, pois mesmo sendo fictícia tem que ser plausível, caso contrário, tudo pode dar errado.
Faço isso de olho no julgamento do Mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e principalmente do réu Zé Dirceu.
Ele nasceu em Passa-Quatro, em 16 de março de 1946 e é um político e advogado com base política em São Paulo.
Foi líder estudantil entre 1965 e 1968, ano em que foi preso em Ibiúna, no interior de São Paulo, durante uma tentativa de realização do XXX Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Naquela época, em Belo Horizonte, todos diziam que outro líder e presidente da UNE, Luís Travassos, era muito melhor do que Zé Dirceu., que em setembro de 1969, com mais quatorze presos políticos, foi deportado do país, em troca da libertação do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick.
Foi deportado para o México e mais tarde exilou-se em Cuba, onde. fez plásticas e mudou de nome para não ser reconhecido em sua tentativas de voltar ao Brasil após ser exilado.
Ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT), do qual foi presidente nacional durante a década de 1990.
Foi deputado estadual constituinte por São Paulo, e, em 1991, 1998 e 2002 elegeu-se deputado federal. Em janeiro de 2003, após tomar posse na Câmara dos Deputados, licenciou-se para assumir o cargo de Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República, no governo Lula, onde permaneceu até junho de 2005, quando deixou o Governo Federal acusado, por Roberto Jefferson de ser o mentor do Escândalo do Mensalão.
Teve seu mandato de deputado federal cassado no dia 1º de dezembro de 2005, tornando-se inelegível até 2015.
O Luís Travassos, que muitos julgavam melhor do que Zé Dirceu foi um líder estudantil brasileiro durante a ditadura militar, preso e deportado do país durante o sequestro do embaixador.
Travassos foi um dos líderes e organizadores da Passeata dos 100 Mil, manifestação popular da sociedade civil que reuniu 100 mil participantes, no centro do Rio de Janeiro, em 26 de junho de 1968, contra o governo militar.
Após dez anos de exílio em Cuba e na Alemanha, Travassos retornou ao país dois meses depois da publicação da Lei da Anistia, em 1979.
Ingressou no Partido dos Trabalhadores (PT) e morreu no Rio de Janeiro, aos 37 anos, vítima de um acidente de carro no Aterro do Flamengo.
Biografia não-autorizada também é a de Dom Pedro I, mulherengo e que segundo Laurentino Gomes, assumiu um país quebrado e as vésperas de uma guerra civil e que acabou dando certo.
Nosso conselho a Zé Dirceu é que entre com os recursos possíveis contra a decisão do STF, cumpra sua pena e desista de manter o PT por anos no poder.
E que se mude definitivamente para São Miguel dos Milagres, em Alagoas e envelheça por entre praias desertas, coqueirais, vilas e um mar verde esmeralda.
Muito melhor do que tentar exercer o cargo de síndico em qualquer lugar do Brasil.
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Casos políticos daqui e alhures
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Voltar no tempo
Pedro Coimbra
ppadua@navinet.com.br
Desde que recentemente eu disse que todo escritor era um mentiroso, as pessoas andam olhando-me de esguelha, como se eu fosse um mitomaníaco constantemente a espreita para atacar a dura realidade.
Outra dia contei para o repórter Marco Aurélio Bissoli sobre o dia em que estava no apartamento do cineasta Mario Fiorani e da Marilu, sua mulher, localizado na Rua República do Peru, em Copacabana.
Que era sábado, tenho certeza, porque os “open bar”, verdadeiras baladas, só aconteciam neste dia da semana.
Das mulheres não se exigia nada, a não ser beleza, inteligência e dos homens um litro de qualquer bebida.
O apartamento era enorme, construção antiga, do início dos anos cinquenta.
Os grandes temas eram o cinema, teatro e música. Naquele espaço davam o “ar da graça” gente de cinema, das artes dramáticas, cantoras e cantores, agitadores culturais e políticos, o que fazia dali um “point” conhecido no Rio de Janeiro.
Certo dia, flanava eu por ali, quando alguém, se lembro bem, o cineasta Leon Hirzman, autor de “A falecida”, mais um pequeno grupo me convidou para acompanhá-los a um apartamento onde iriam ouvir uma audição de uma cantora baiana recém chegada à Cidade Maravilhosa.
Jovem e com algum outro interesse imediato em algum “rabo de saia” agradeci o convite e fui fazer um “tour” pela sala.
Ao voltarem me disseram que a moça era muito tímida, cantava tão bem como João Gilberto e se chamava Maria da Graça...
- Meu Deus!- diz Bissoli, que chama Caetano de Caê e Milton Nascimento de Bituca – A maior cantora do Brasil! Maior do que Elis Regina... – ele diz.
E deve estar pensando até hoje como perdi essa oportunidade de conhecer Maria da Graça Costa Penna Burgos, a Gal, em começo de carreira e sem toda aquela “proteção” que é dispensada as estrelas.
Reviver fatos do passado sempre é bom, como aconteceu reencontrar depois de anos Aloísio Teixeira Garcia, ícone da nossa juventude como militante do movimento estudantil em Minas Gerais.
Na vida pública, foi Secretário da Educação e da Cultura, Presidente da Cohab, do IBC, da UMA Centro Universitário e da Faculdade de Ciências Gerenciais de Manhuaçu.
É também membro da Academia Mineira de Letras e Cultura de Minas Gerais e presidente da Federação das Academias de Letras.
Muito simpático, Aloísio, filho do farmacêutico Antônio Teixeira, de quem meu pai alugou um andar do sobrado abaixo da Padaria Rocha, nos idos de 61, me encaminhou um livro singelo, com oitentas páginas, intitulado “Poesias tardias”.
Na apresentação ele fala sobre o Gammon, as 13 disciplinas que faziam parte do nosso dia a dia, do meu tio Roberto Coimbra, Mestre em Português e de suas peripécias no tempo em que era presidente da União Colegial de Minas Gerais (UCML) e um pouquinho de nada de sua vida naquele tempo de radicalismo.
Mostra também que ser político e gestor não significa colocar uma pedra sobre arroubos do espírito e verseja tranquilidade ao dizer: “Há grandes vícios/que levam a precipícios./Há lugares ermos/onde só ficam enfermos.../O juiz tira a toga da razão/e o inocente só tem ali desilusão!/Vivi tempos de gloria/e deles tenho na mente a memória.”
Vale, e
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Superação
sábado, 7 de julho de 2012
A química de cada um de nós
segunda-feira, 4 de junho de 2012
A voz do coração
ppadua@navinet.com.br
No meu compêndio de Ciências estava escrito, e eu decorei, que o Corpo Humano dividia-se em cabeça, tronco e membros.
A meninada vivia quebrando ou fraturando os membros na traquinagem.
Acabavam com talas de bambu, cobertas por grossas camadas de gesso. Se o profissional fosse bom de serviço não haveria problema. Caso contrário seguiam a vida inteira com braços ou pernas tortas.
Mais tarde aprendi que a pele era o maior dos órgãos do nosso organismo e que só nela existiam mais de 2500 doenças catalogadas.
Outros órgãos para nós eram de pouca valia, a não ser o tal fígado que chiava quando enchíamos a cara com bebidas alcoólicas mais ou menos finas.
O cérebro que se alojava dentro do crânio comandava todos os sistemas, até mesmo o coração, que se caracterizava como um músculo poderoso, fonte vital da vida.
Do cérebro aprendíamos muito pouco e passávamos longe das sinapses que se caracterizavam por fazer a transmissão de um impulso nervoso de um neurônio para outro, e que podiam ser químicas ou na sua grande maioria, elétricas.
Explicava-se também pouco que nosso sistema fonador não era especializado para a fala, mas sim para funções vitais como mastigar, engolir, respirar ou cheirar e que com a necessidade da comunicação o homem “descobriu” primeiramente a possibilidade de produzir sons com significado e logo depois o canto.
De todas estas coisas que aprendemos aos pouquinhos via difusão médica a que mais estranhou foi saber que nossa morte e o nosso renascimento se iniciava na própria concepção e continuava com uma incessante substituição de células velhas ou “estragadas” até o último minuto de nossa presença no Planeta Azul.
Dia desses fui visitar uma jovem amiga que há mais de sessenta dias luta para sair de próximo a uma UTI e retornar a sua vida normal, seus alunos, suas batucadas.
Detesto hospitais, seu odor, suas pinturas, mas fui visitá-la.
Abri a porta e logo a vi deitada numa cama, de olhos abertos, ligada à tubulação de oxigênio, defronte uma tevê.
Entrei no seu campo de visão, mas ela não demonstrou estar me vendo.
Foi então que senti uma voz diferente, sair do meu corpo e dirigir-se até o dela, desejando suas melhoras.
Um espaço de tempo pequeno que pareceu durar toda uma eternidade.
Antes que sua acompanhante saísse do banheiro onde se encontrava, senti uma verdadeira comunhão com o sofrimento daquela minha irmã que precisava se restabelecer e voltar a nos dar sua alegria, por mais difícil que isto fosse.
Ao sair do quarto, descer o elevador e pelo hall de entrada atingir a rua, fiquei a pensar no que me ocorrera naqueles poucos minutos.
Poderia ter orado pela sua volta a esta nossa dimensão.
Ou ter deixado extravasar um sentimento qualquer, de dó, piedade ou comiseração.
Entendi que apesar de não abrir em nenhum minuto os meus lábios, deixara sair do meu corpo até o dela a minha voz do coração...
Uma voz que não depende do aparelho fonador e nem mesmo do coração, pois vem de dentro do nosso corpo como uma energia indescritível.
Mal comparando é como os resultados da adrenalina nos esportes radicais.
Que o pouco tempo que passei ao lado da jovem doente lhe tenha sido tão benéfico como foi para mim.